terça-feira, 2 de abril de 2013

Calúnia do Rúbio Negrão


Prelúdio. Revista ISTOÉ, ano 2000:

“Xixi pode derrubar o Maracanã

“O maior estádio do mundo pede água: não está resistindo a tanto xixi. São 50 anos de Maracanã, 50 anos de xixi de torcedor que não vai aos banheiros e se desaperta ali mesmo nas arquibancadas. São os engenheiros que cuidam da reforma do estádio que acabam de fazer essa cáustica constatação: o concreto e as estruturas de aço estão seriamente danificados e o maiores responsáveis por essa corrosão são os componentes da urina que ao longo do tempo se foi infiltrando pelos pilares. O gerente do Maracanã, Francisco de Carvalho, diz que até o ano que vem todos os banheiros estarão em condições de uso, o que há muito tempo não acontece. Isso mudará o comportamento dos torcedores, crê ele.

Boxe da matéria: “O xixi contém ácido amoníaco, que ao penetrar no concreto destrói a argamassa que protege as armaduras de aço. Expostas, elas acabam oxidando. Todos os 53 pilares que sustentam o Maracanã ficaram corroídos devido à urina dos torcedores.

“ISTOÉ – Qual a gravidade?

“Francisco de Carvalho – O comprometimento das estruturas de concreto. 

“ISTOÉ – O problema é a falta de educação?

“Carvalho – Não. O torcedor não tinha outra alternativa. Os banheiros imundos e quebrados não tinham condições de uso.”

***

Eis que leio em 2013, bem mais tranquilo, e assumidamente emocionado, que a reforma no Maracanã está quase concluída. Sejemos cinseros e analfabéticos: continuo achando a realização de um mero campeonato de xadrez no Brasil um grande absurdo, que dirá uma Copa do Mundo, mas não posso deixar de ficar feliz pelo “new look no batuque” (obrigado, roqueiro Serguei!) do estádio onde experimentei as emoções inesquecíveis de ver Zico, Pelé e Beijoca jogarem.

Não posso, e não ficarei impermeável à excitação de testemunhar o maior mictório a céu aberto do mundo passar a ser também o maior mictório indoor do universo.

Cenão vejemos e erremos: graças aos fantásticos recursos tecnológicos oferecidos pelo século XXI, o Maraca certamente passará a contar com abundantes ralos instalados em seus anéis, configurando um robusto sistema de drenagem de mijo. Nunca mais haverá torcedores descendo a rampa histórica com as barras das calças arregaçadas. Nunca mais mães e pais zelosos obrigarão seus filhos a irem ao jogo calçando galochas. A notória urina em copos cheios de 300ml continuará sendo arremessada dos degraus superiores da arquibancada, sim, mas sem jamais voltar a penetrar no concreto indefeso do Maior do Mundo. Atrevo-me, inclusive, a afirmar que nunca mais dos gloriosos corredores do Mário Filho emanará para todo o bairro aquele odor acre de jardim zoológico.

É duro admitir, mas assim era o antigo Maracanã. Eu tinha, inclusive, um tiozinho pra lá dos 80 anos que só conseguia mijar dentro do Maracanã, e com gente olhando, mas essa é uma outra história...

A história em tela aqui é a de um Templo do Futebol renovado. Uma espécie de Wembley tupiniquim, igualmente desprezado pelos escassos gols do Charles Guerreiro. Um segundo lar de cada rubro-negro, onde se mijava, literalmente, de porta aberta.

Meus leais detratores: borbulha até a última gota de álcool no meu sangue quando imagino as centenas de operários que durante os últimos meses enriqueceram diariamente o solo do Maracanã para o plantio do gramado sacrossanto que acolherá as travas das chuteiras e cusparadas de perebas e craques, chinelinhos e raçudos, vitoriosos e perdedores. Agita-se, confesso, o pouco vestígio de dignidade que ainda trago em meu ser ao pensar no momento solene da retirada das lâmpadas, tampos dos vasos e rolos de papel higiênico dos banheiros masculinos do estádio para que os ansiosos torcedores puristas possam voltar a desfrutar mijadas decentes e dignificantes, por certo igualmente pródigas em virtude da liberação da cerveja nas dependências da nova arena. 

Mas que uma coisa fique clara: o Maracanã é o melhor lugar do mundo para o “número um”. Lugar de “número dois” é lá em São Januário.


Duplex Toc Zen

1 - Pra quem dizia que não daria: Foi bastante significativo o quase finalizado Maracanã ter recebido justamente a visita do Tom Cruise, da série “Missão Impossível”.

2 - Diferenças: A principal entre Neymar e Rafinha é que o rubro-negro não pode creditar as fracas atuações aos intermináveis e enfadonhos amistosos pela Seleção Cebefeira, e às infinitas gravações de comerciais.

3 - Como se chama algo ou alguém que perdeu a validade?: Cadu... cou.

4 - Há jogadores de clube, e jogadores de seleção: Definitivamente, o Carlos Eduardo é de seleção, mas como não o convocam...

5 - Gladiador? De novo?: Na hora de contratar, o Flamengo precisa aprender a diferenciar entre jogadores famosos e famigerados.

6 - “A reportagem do GE tentou contato com Pelaipe, mas ele não atendeu o telefone”: Tim, digo, Claro! Depois da tal matéria escrota dos 21 mil de conta telefônica, ele parou de receber ligações a cobrar. Agora só liga.

7 - Calúnia também é qualidade de vida 1: Você sabia que a metade dos problemas de um ser humano adulto podem ser resolvidos com um simples “Phoda-se”?

8 - Calúnia também é qualidade de vida 2: E você sabia que a outra metade desses problemas pode ser resolvida com um simples “Amanhã eu vejo isso”?


9 - Twitter Cassetadas da semana (em tempo real só em @rubionegrao)

Pior que um papa argentino teria sido um papa vascaíno: Francisco 2º.

Vampeta agora no Jô. Que produção preguiçosa, hein?

Finalmente admitiram que o Flamengo é uma religião, e trouxeram o Jorginho Pastor.

O Mengão joga no estilo Barcelona: esperando o Messi resolver.

Jorginho voltando a se sentir numa Copa do Mundo. Sim, porque o Boavista joga a final imaginária de uma delas.

Nixon, como indica o nome, apenas burocrático.

E o Rafinha nunca mais pegou uma moleza como o Dedé...

Finalmente a nossa defesa "encaixou" contra times que não atacam.

"Questionado se taça é sonho possível, Felipão garante: 'O Brasil vai ser hexa'." Assim, sem revelar o ano, também garanto.

"Botafogo vence e Seedorf leva seu 1º vermelho." E doeu muito?

Você aí, amigo rubro-negro, fazendo continhas pra se classificar no Cariocão... O Brasileirão 2013 promete!

Bom título para artigo: "Felipão e a palmeirização da Seleção." Alguém?

E a "sensação" Hugo do Bangu não passa de um Negueba fantasiado de Neymar.

Interessante que no SPFC, o Alex Silva era considerado zagueiro de Seleção. Esqueceu o seu futebol ou apenas deixou de jogar em São Paulo?

"Tom Cruise visita o Maracanã com Zico." Ambos especializados em missões impossíveis.

Se tomar de 6 do Mirassol já balançou o Palmeiras, imagina se levar de mais de 80 do Flamengo agora no basquete?

E nada mais faço, até porque a natureza já tá indo em frente muito bem sem a minha alerta fiscalização.

[Post originalmente publicado no Blog da Flamengonet]

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